Trovas de Pensamentos

A vida nos é imposta, sem pedir permissão, como se fosse um prêmio aleatório na grande loteria do destino. Crescemos envoltos numa ilusão de conforto e segurança, apenas para sermos cruelmente expulsos desse paraíso sem saber o motivo, sem entender onde erramos. A vida, desde o primeiro choro ao nascer, nos ensina que não será fácil. Choramos e somos repreendidos, incompreendidos, desde os primeiros dias. À medida que crescemos, enfrentamos um mundo que não nos consulta, que não nos pergunta se concordamos com suas regras. Somos moldados, apertados, talhados em uma forma que não escolhemos, até nos tornarmos o que a sociedade espera de nós.

Mas mesmo quando alcançamos o que parece ser sucesso, a dor persiste. Tentamos acalmar o mesmo choro que nos acompanhou desde o início, mas apenas mudamos o que nos conforta. Nos afundamos em distrações - seja num jogo de vídeo-game, numa partida de futebol - buscando consolo em grupos que compartilham nossa busca incessante por validação, lamentando quando alguém desiste desse jogo de aparências.

A sociedade nos distrai, nos mantém ocupados com estudos intermináveis, trabalho incessante, contas a pagar, a busca incessante por status, por uma imagem perfeita nas redes sociais. Casamento, filhos, doenças, envelhecimento... décadas se passam e ainda buscamos desesperadamente consolo. Até que, eventualmente, somos forçados a encarar a verdade: a efemeridade da sabedoria e das riquezas, a ilusão do sucesso, tudo desaparece num instante, deixando apenas o vazio.

A vida é um jogo cruel, no qual somos obrigados a participar. E aqueles que fingem melhor, que conseguem convencer os outros de que estão bem, são os "vencedores". Para evitar o sofrimento eterno que parece ser a essência da existência, fingimos, iludimos, mascaramos a dor até que não reste mais nada além dela.