17 junho 2024

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Fragmentos e Totalidades: Reflexões sobre Relacionamentos e Autoconhecimento

Em um mundo que parece cada vez mais fragmentado, onde as conexões humanas muitas vezes se dissolvem tão rapidamente quanto surgem, confronto-me com a pergunta fundamental: como posso ser uma parte genuína de algo maior quando tantas vezes me sinto compelido a me despedaçar para caber nos espaços vazios de outros?


Refletindo sobre minhas experiências, percebo que há uma tendência em mim de mergulhar de cabeça nos relacionamentos, buscando neles uma completude que talvez só eu mesmo possa proporcionar. No entanto, essa entrega muitas vezes resulta em decepções, pois encontro apenas superfícies rasas incapazes de compreender a profundidade do que guardo dentro de mim. É como se eu tentasse misturar águas profundas com rios de pouca profundidade, inevitavelmente causando choques e desencontros.

Lembro-me das palavras de Zygmunt Bauman, que tão perspicazmente descreveu nossa era como a era dos "relacionamentos líquidos". Em um mundo onde tudo parece fluir rapidamente e as conexões são efêmeras, minha busca por algo sólido e duradouro muitas vezes parece utópica. No entanto, prefiro me perder em tentativas sinceras do que viver na superficialidade.

Reconheço também meus próprios erros. Já fui aquele que, inadvertidamente, fez alguém quebrar a cara. Esse é meu maior arrependimento. Aprendi que a profundidade emocional exige não apenas entrega, mas também compreensão mútua e aceitação das falhas humanas.

Neste labirinto de emoções e expectativas, descubro que o verdadeiro desafio não está em evitar as quebras, mas em aprender com elas. Cada decepção é uma oportunidade de crescer, de refletir sobre minhas próprias vulnerabilidades e de buscar conexões mais autênticas, mesmo que efêmeras.

Assim, em um mundo onde ser fragmento é a norma, busco ser inteiro. Prefiro não ser nada a ser apenas um pedaço. E, na minha jornada de autoconhecimento e relacionamentos, encontro uma constante: a busca por uma totalidade que talvez só seja alcançada quando aceitarmos nossa própria complexidade e a dos outros, sem esperar quebrar ou ser quebrado, mas sim aprender a dança delicada da verdadeira conexão humana.

Walter Bonfim

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Agradeço todos os elogios assim como também as críticas, espero crescer a cada dia na escrita e no modo de utilizar as palavras, para que sempre que algum leitor deparar-se com aquilo que escrevo, sinta-se a vontade e confortável para ler.