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filosofia,pensamento,reflexão
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A Solidão como Liberdade: Reflexões sobre Autossuficiência e Controle Social
A solidão vem da aceitação e não de uma escolha. Muitos confundem a abstinência da presença do outro, como um sofrimento que reflete o estado solitário do ser. Houve, durante a história da humanidade, o adestramento da psiqué do homem e da mulher, incutindo quase que em seu instinto, a necessidade do outro; o sentimento de autossuficiência foi marginalizado, obrigando ao ser a acreditar em sua incompletude. Aqueles que negam essa crença de necessidade intrínseca do outro, recebem toda a sorte de adjetivos depreciativos, como se fossemos obrigados por regras sociais a fazer da nossa existência um conluio com a existência do outro para que haja equilíbrio.
Toda essa baboseira é apenas reflexo do controle das massas, da forma como os poderosos tocam o rebanho. Nos é dada a chave da liberdade de escolha, porém, a maioria das pessoas apenas guardam esse presente e jamais tentam usá-lo, na verdade, enganam-se abrindo persianas, deixando entrar a luz artificial do que utilizar a chave para abrir a verdadeira porta e contemplar o sol. No fim das contas, quem cansa da alienação e tem um despertar do pensamento crítico, logo busca abrir a porta principal, mas percebe que a chave não funciona. Na tentativa de denunciar a prisão, logo tem sua narrativa silenciada por argumentos prontos, para desacreditar o denunciante, julgando-o como quem espalha meras teorias da conspiração.
A verdade é que toda essa competitividade e dinâmica social apenas serve para mover a roda do moinho e alimentar quem está no poder supremos das nações — não falo de reles políticos, meras marionetes nas mãos daqueles que realmente manda. Assim sendo, regras, dogmas, conceitos culturais e sociais são formulados para direcionar a boiada para o lugar que querem. Nisso, a solidão foi lançada como algo de onde se deve fugir, mesmo sem experimentá-la ou conhecê-la, pois as estruturas sociais que são alicerces dos palácios seriam abaladas se todos entendessem que estão em uma prisão sem muros, pensando ter o poder de decidir algo, na verdade só podem seguir pelos caminhos que estão dentro das opções apresentadas e todas fazem parte do mecanismo.
Assim sendo, quando aceita-se a solidão como algo intrínseco do ser humano, deixando de tentar ser algo o que não é, deixando de buscar ter aquilo que não se quer, apenas para agradar aqueles de quem não se gosta para ser bem quisto em grupos de pessoas que no fundo estão mais perdidas que você, acabará percebendo que a vida pode ser bem mais simples, leve e fácil do que nos é apresentado. Até nossas mazelas mentais são lucrativas para o sistema. Somos como meros rebanhos e o pensamento livre é visto como uma doença, então tentarão nos abater antes que o pensar se espalhe por todos. Uma vez livres do mecanismo, soltas as amarras, a primeira busca seria pela segurança da solidão.
Infelizmente, viver o pleno "estar só", a completude, a autossuficiência é a terra prometida para os que creem, mas quase impossível de ser alcançada, devido a quantidade de outras pequenas amarras que nos prende. Contudo, podemos nos aproximar o máximo possível, podemos nos desintoxicar da necessidade do viver em sociedade. Depois que começamos a valorizar nossa própria companhia, a rir com nossas próprias piadas, a viajar, se divertir, viver sem depender de ninguém, podemos até aceitar dividir alguns passos da jornada com um semelhante, ajudar aos demais viajantes, até mesmo socializar, mas isso deixará de ser um prisão e passará a ser uma escolha, contudo, jamais será melhor que a solidão.
A solidão é intrínseca do ser, afinal, as duas únicas situações que acontecem sem nossa escolha (nascer e morrer) são uma experiência unicamente pessoal e natura, desvirtuada com o tempo, para benefícios do mecanismo de poder.
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Agradeço todos os elogios assim como também as críticas, espero crescer a cada dia na escrita e no modo de utilizar as palavras, para que sempre que algum leitor deparar-se com aquilo que escrevo, sinta-se a vontade e confortável para ler.