O orvalho da vida
por Walter Júnior
Eu sei que me perdi,
Não sei por quanto tempo,
Caminhei sem destino,
Com a roupa do corpo
e uma trouxa de sentimentos.
Não reconheci o labirinto,
Olhava para trás e via a porta,
Avancei um pouco mais,
E a cada passo dado,
Mais longe eu ficava da saída.
||| INCONSTANTE |||
Sou meio inconstante,
Vivo uma felicidade errante,
Sorriso sempre meio triste,
Tristeza que ao sorriso não resiste.
Eu não quero mais mentir,
Por certo não me falta amor,
Detesto, mas tenho que assumir,
Teus espinhos não me causam dor.
POEMA: Walter Júnior
TELA: Julio Souza Lima Cidade Histórica de Paraty -Rio de Janeiro - Mulher em Paraty óleo sobre tela 50X40
Encontro os versos,
Que acreditam ser perfeitos,
Sentimentos diversos,
Cheios de conceitos.
Onde estará o amor,
Que não posso encontrar,
Se imperfeito eu for,
Não poderei amar?
Amar não é simetria,
Nem perfeita composição,
Amar é estar em sintonia,
Com a essência da criação.
Eduardo era feliz,
Nada fazia de mal,
Apenas amou,
Totalmente se entregou,
Hoje o noticiário diz,
Que chegou seu final.
Eduardo vivia a sonhar,
Com um mundo perfeito,
Chegou a acreditar,
Que as pessoas aceitariam,
Um dia todos entenderiam,
Que amor é amor de todo jeito.
Eduardo um dia encontrou,
Alguém que quis destruir,
A vida de quem só queria sonhar,
Os sonhos de quem só queria sorrir,
O sorriso de quem apenas amou.
Eduardo até a morte foi espancado,
E a sociedade fingiu que não viu,
Outro jovem brutalmente assassinado,
Por um demônio sanguinário e vil,
Ele foi julgado, condenado e executado.
Eduardo não viu tornar-se realidade,
O mundo perfeito que sonhou,
Eduardo apenas queria a liberdade,
De ser feliz com quem amou,
Sem ter medo dos olhares de maldade.
Eduardo por amar foi martirizado,
Mas seu sonho não acabou,
Em cada um de nós pode ser realizado,
Nossa voz o assassino não calou,
Eduardo para sempre será lembrado.
Eduardo representa a realidade dos dias,
De tantos outros Eduardos e Marias,
Que são vítimas da violência insana,
Que da falta de humanidade emana,
Sejamos a voz de Eduardo contra a homofobia.
Walter Júnior
Sou péssimo com fracassos,
Fico desconcertado,
Errante.
São momentos escassos,
Com um passo errado,
Inconstante.
A oportunidade esperada,
Com tanta alegria,
Desfeita.
Havia sido comemorada
Essa grande ironia,
Satisfeita?
Sempre detestei chorar,
Mesmo assim,
Chorei.
Continuarei a lutar,
Não é o fim,
Relutei.
Apenas uma batalha perdida,
A guerra continua,
Pensei.
As derrotas são parte da vida,
Verdade que se acentua,
Divaguei.
As lágrimas vão cessando.
Que bobagem!.
Ironizei.
O sorriso está se formando,
Tudo melindragem,
Afirmei.
Vou parar de me lamentar,
Continuar firme,
Focado.
Para que quando novamente errar,
O adjetivo se confirme:
Fracassado!
Walter Júnior
CAMINHANDO
O desejo simples,
Tornou-se escasso,
Janelas fechadas,
Outro fracasso.
Estava contente,
Era um bom dia,
O verbo está no passado,
Assim como minha alegria.
Contínuo caminhar,
Mesmo que errante,
Não há como voltar,
Tudo acaba, continuando.