28 dezembro 2022

Mente Bilionária




Estevão nasceu em uma família simples, aqui na região do Cariri, interior cearense. Cresceu ajudando seu pai na pequena roça da família e na singela criação de cabras e galinhas. Dois caprinos e onze penosas, para ser mais exato.


Por mais que gostasse da vida simples no sítio, desde muito jovem já dizia para seus primos e amigos que um dia teria dinheiro para comprar as cabras do mundo inteiro. Claro que era apenas uma hipérbole normal em conversas de crianças, mas o fato de decidir ser rico e dar uma vida confortável aos seus pais, não era.


Seu Erivaldo, pai do personagem principal dessa nossa história de hoje, nunca menosprezou o sonho do filho, mesmo sabendo que em uma sociedade capitalista como a nossa, aquele desejo juvenil seria muito dificil de ser realizado, pois ele havia aprendido com seu pai, que aprendeu com o pai dele e assim por diante, que quem nasce pobre, tem que agradecer se pelo menos tiver, todos os dias, o que comer. A velha visão conformista imposta pelos patrões e pelos antigos coronéis que tinham medo do empregado ter condições de mudar a situação financeira e eles não terem mais em quem colocar seu julgo pesado.


Estevão estava disposto a quebrar essa corrente maldita em sua família. O menino não iria deixar para seus descendentes um chão rachado, uma pele queimada do sol e mãos cheias de calos como herança. Ele pensou durante dias em uma forma de ficar rico, foi quando percebeu que da mesma forma que precisava de sementes de coentro para ter coentro em sua horta, precisaria de dinheiro para ter... DINHEIRO.


Inicialmente, decidiu começar a ajudar nas roças vizinhas para ganhar algum "trocado", mas teria que ser em um horário que não conflitasse com o tempo que trabalhava com seu pai, muito menos com o período em que ia para a pequena escola localizada naquele distrito. Ele teria apenas o final de semana para conseguir ganhar alguma coisa e iniciar sua "horta de dinheiro". Estevão dificilmente se juntava aos demais meninos de sua idade para as brincadeiras inerentes a mesma. Ele dizia que aquilo não dava dinheiro. Preferia ficar traçando seus planos.


Quando finalmente conseguiu seu primeiro trabalho - Dona Alzenir, vendo o esforço do menino, decidiu pagar algumas moedas para ele "ciscar o terreiro" de sua casa - guardou todo seu salario com muito carinho. Na volta para casa, todo orgulhoso, decidiu passar no barreiro da localidade para tomar um merecido banho restaurador. Quando mergulhou, sentiu um peixe bater em seu corpo. Uma nova oportunidade estava em sua frente, ele não perderia.


Continua...



Walter Júnior

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Agradeço todos os elogios assim como também as críticas, espero crescer a cada dia na escrita e no modo de utilizar as palavras, para que sempre que algum leitor deparar-se com aquilo que escrevo, sinta-se a vontade e confortável para ler.