13 outubro 2015

O Silencioso Acorde Final


Por Walter Júnior

Durante os primeiros anos de nossas vidas, ainda pequenos e indefesos, nossos pais sempre estão ali próximos de nós, cuidando daquilo que ainda não somos capazes de fazer, necessidades básicas, como nos alimentar, higienizar-nos, enfim, não conseguimos fazer nada sozinhos.

Quantas vezes eles mesmo cansados após um dia de trabalho, ainda passam a noite em toda em claro, zelando o nosso sono, pois, estamos com um pouco de febre. Eles não nos abandonam nem por um segundo, todavia, o tempo passa e um dia os papeis acabam se invertendo.

Nós, que antes necessitávamos de todos os cuidados possíveis, já estamos crescendo fortes e saudáveis. Já andamos com os nossos próprios pés e lutamos por nossos sonhos. Construímos nossa própria vida, casamos e geramos nossa prole, já não temos mais tempo para nada, então, olhamos para os nossos pais, o tempo já roubou toda disposição que antes víamos neles.


Hoje os fios brancos enfeitam toda cabeça de sua mãe, já em seu pai, faltam-lhe os fios. A pele já enrugada e muitas vezes marcadas pelos anos que lhe somam. Os olhos enchem-se de lágrimas toda vez que recebem sua visita, tratam com total ternura e amor, dos netos que fazem deles gato e sapato, mas mesmo assim, eles amam recebê-los em casa.

A idade que trouxe tanto amadurecimento, experiência e sabedoria, também trazem as dificuldades que os fazem depender da ajuda de outros para que possam fazer necessidades básicas, como comer, higienizar-se, enfim, tudo o que não conseguem fazer sozinhos. Bom, lembra que um dia você também foi assim? Eles não te abandonaram nenhum segundo, porque agora que eles precisam de ti, parece ser algo tão torturante e que uma casa de repouso parece ser a melhor saída?

Pode ter certeza que eles não falarão nada, parecerão até gostar da ideia, afinal, não vão querer dar trabalho a você, todavia, aquele será o começo do fim da vida daqueles dois que tanto fizeram por ti. Eles já são idosos, mas nada mata mais rápido do que o desgosto e a ingratidão.

Em toda parte encontramos idosos abandonados, sejam nas ruas ou em casas de repouso, sendo que muitas delas não possuem a mínima condição de receber esses homens e mulheres que tanto já fizeram pelos outros e são vomitados de suas famílias, morrendo a mingua, esperando o dia que verão seus filhos entrarem pela porta daquele asilo e os levarão de volta para o seu lar, de onde nunca deveriam ter saído.

Lembre-se que um dia os anos também pesarão para ti, terá as mesmas necessidades e que estás ensinando ao teu filho o que fazer quando estiveres na idade dos idosos a quem abandonastes. O silencioso acorde final um da tocará para você, cabe a ti fazer com que esse acorde traga uma bela melodia ou não.

0 comentários:

Postar um comentário

Agradeço todos os elogios assim como também as críticas, espero crescer a cada dia na escrita e no modo de utilizar as palavras, para que sempre que algum leitor deparar-se com aquilo que escrevo, sinta-se a vontade e confortável para ler.