13 janeiro 2021

Labirinto

Eu sei que me perdi,
Não sei por quanto tempo,
Caminhei sem destino,
Com a roupa do corpo
e uma trouxa de sentimentos.

Não reconheci o labirinto,
Olhava para trás e via a porta,
Avancei um pouco mais,
E a cada passo dado,
Mais longe eu ficava da saída.

No início eram prazeres e delícias,
Todos os manjares ao meu dispor,
A festa era constante,
Haviam os melhores vinhos e whiskys.

Não havia tempo nem para ressaca,
Estava todo tempo embriagado,
De uma cama para outra,
De um beijo para outro,
Saquearam meus sentimentos.

Quando não tinha mais nada,
O som de repente parou,
Não serviam mais bebidas,
Não havia mais sobras do banquete.

Mas eu estava ali,
Sujo e depravado,
Perdido naquele labirinto,
Ser saber quantos dias,
Já haviam passado.

A sarjeta foi minha cama,
Em meio ao vômito dormi,
"Quem dera não acordar,
seria melhor assim."
Foi meu último pensamento.

Eu não sentia sede,
Não sentia fome,
Sentia apenas pena de
mim mesmo,
O que não servia de nada.

O tempo foi passando,
Até a morte havia me abandonado,
Eu precisava fazer algo,
Era um tédio a espera pelo morrer,
Talvez eu fosse sujo demais para o
pó da terra.

Levantei-me e corri,
Sem destino,
Sem planos,
Sem esperanças,
Apenas nojo.

Corri durante dias,
Não havia fadiga,
Mas algo percebi,
Corria em círculos
E passei várias vezes
pela saída.

Quando parei de correr,
De sentir pena de mim,
De me culpar pelo erro,
E me perdoei de verdade,
Encontrei a saída.

Ela estava ali todo tempo,
Mas minha culpa me cegou,
Olhei no espelho ao sair,
Estava limpo novamente,
E pronto para errar de novo,
Em outro labirinto.

(Walter Júnior)




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Agradeço todos os elogios assim como também as críticas, espero crescer a cada dia na escrita e no modo de utilizar as palavras, para que sempre que algum leitor deparar-se com aquilo que escrevo, sinta-se a vontade e confortável para ler.